terça-feira, 17 de agosto de 2010

A lei ensina, pais não batem.


A educação não precisa de castigos físicos. É isso que a polêmica “Lei da Palmada” estabelece. Além de fomentar o diálogo sobre violência doméstica, ela também procura firmar novas bases para a educação infantil.


Pais e educadores da “velha guarda” (ligados a antigas correntes de ensino) defendem o uso da palmada como instrumento pedagógico. Segundo eles, essa é a maior demonstração de desaprovação que os pais podem manifestar, e o melhor, qualquer criança é capaz de compreender. O que não se percebe, no entanto, é o dano que o tapa causa nas crianças. Elas compreendem a desaprovação de seus pais com suas atitudes, mas não entendem o que fizeram de errado. Isso acontece porque, nesses casos, o trauma da agrassão é tão forte que impede a assimilação de qualquer explicação subseqüente. Quando a repressão verbal não surte efeito nas crianças é sinal de que o vínculo de confiança e autoridade foi rompido. Castigos físicos são incapazes de reatar esses laços.


Há um tempo atrás, quando a “Lei Seca” estava em trâmite, fizeram as mesmas acusações que hoje atingem a “Lei da Palmada”. Criticam-na sob a ótica de uma redução das liberdades individuais e da autonomia do lar. Esquecem-se, os acusadores, entretanto, que o objetivo da lei é reprimir o abuso de autoridade, não se trata de acabar com a ordem e a hierarquia doméstica. Nenhum magistrado interpretaria a lei no caso de um reflexo preventivo, como quando um pai bate na mão de seu filho para evitar que ele ponha o dedo na tomada. A lei incidiria sobre casos em que a palmada é uma punição recorrente. Além disso, vale ressaltar os benefícios que a polêmica causa. Assim como no caso da proibição do consumo de bebidas alcoólicas por motoristas, o estímulo ao debate é um dos fundamentos da discussão e conscientização. Isso tudo é primordial para atingir o objetivo dessa medida, reduzir a violência doméstica em nosso país.


A “Lei da Palmada” é indispensável a fim de que as futuras gerações tenham bases coerentes para a educação infantil. Desta forma, pais e educadores procurarão dar atenção a seus filhos como forma de restabelecer o respeito mútuo, sem ter de recorrer a palmadas.

3 comentários:

  1. tenho que admitir que discordo da tua posição quanto ao assunto. Como bem diseste no texto, a questão é polemica. Claro que não defendo que para s educar uma criança ela precise levar alguma palmada. O que não concordo é quanto aos governantes se preocuparem com essa questão e transformarem isso em lei, afinal já existe uma que protege qualquer pessoa que sofrer agressão. Alias, quem der palmada no seu filho vai ser preso?? Eu só não acho certo que as familias tenham que criar suas crianças seguindo um manual.

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  2. Assumir que este assunto é polêmico seria apenas um eufemismo. Obviamente que não defendo a intervenção do Estado nos lares, muito menos a abolição da autoridade paterna. Entretanto, creio que em um país como o nosso, aonde a violência doméstica é uma triste e amarga realidade, mesmo em lares abastados como os da procuradora aposentada Vera Lúcia, se uma lei que toca nesse assunto tão íntimo e circunscrito ao lar, ela é válida, ao menos por fomentar a discussão sobre o assunto.

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  3. 
    Ao que parece estamos caminhado para uma vitoriosa e indiscutível forma de "educar nossos filhos". Que é a de proteger, por decreto-lei, as crianças em relação aos pais que as querem educar através de agressões físicas.
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    Num passado poderíamos até compreender tais agressões como um instrumento de correção e doutrina, isso em razão de não existir informação inerente para aqueles que só encontravam nas palmadas, castigos severos e psicológicos uma forma inequívoca de passar bons ensinamentos e comportamentos pessoais e sociais.
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    Porém, nos dias de hoje essas informações e formações jorram por um imenso manancial de conhecimentos qualitativos.
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    Até porque se "palmadas de amor" educassem sem efeitos colaterais e nocivos, não haveria lágrimas daqueles que a recebem.
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    Pois, quando um pai ou mãe opta pela agressão, esta – subtextualmente – agredindo sua própria ausência de sensibilidade e incompetência de amar, verdadeiramente, seu filho (s).
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    Uma reflexão aos pais que acreditam na imposição da violência para se conseguir uma ótima educação...
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    "Se teu filho nascesse sem os braços ou as pernas, você agiria dessa maneira, ainda sim?
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    Cecél Garcia

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