quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Meninas Modernas


Ontem ocorreu um episódio comigo digno dos seriados de humor norte americanos. Considerei-o tão profundo e ao mesmo tempo esquisito que não pude deixar de relatar neste blog. Eu faço academia três vezes por semana e ontem era um destes dias.


Eram umas sete da noite, eu já havia acabado meu exercício e, após o alongamento, desci para a recepção, onde esperava encontrar minha mãe e meu irmão. Como sempre, eles estavam um pouco atrasados e eu pude conversar com o dono do estabelecimento. A título de história vamos chamá-lo de seu Jorge. Enquanto conversávamos sobre um assunto qualquer, uma menininha, que para mim parecia ter uns 9 anos, estava sentada, inquieta, no sofá, à espera de sua mãe.


A garotinha tinha batom nos lábios, cabelos compridos e vestia-se como adolescente, no entanto, ao seu lado, sentava-se uma boneca. Durante minha conversa com o seu Jorge, a garotinha não tirava os olhos de mim, numa clara perturbação. Na idade dela eu agia da mesma forma quando queria conversar com alguém mas não achava uma brecha.

O seu Jorge, que não é nem um pouco bobo, com seus 65 anos de experiência, percebeu que a situação seguinte seria engraçada. Introduziu a menininha na conversa dizendo:


- Está vendo essa guria? – Eu respondi que sim, afinal, posso até ser meio cego do olho direito e não enxergar nada do esquerdo, mas eu a via.Ele completou:


- Ela já tem namorado – Não pude evitar a surpresa, mas é claro que imaginei que fosse mais uma das brincadeiras que os mais velhos pregam nas crianças. A minha surpresa foi com a resposta da criança.


- É verdade, eu tenho. – E ela ainda completou: - Esse é o meu terceiro.


Depois disso caí em uma risada convulsiva e incontrolável, ver aquele rostinho infantil falando aquilo era demais pra mim. Nisso, alguns adultos entraram no recinto e observavam, atentos, o diálogo da menina-adolescente. Ela me fitou e, com um olhar sério, me perguntou:


- Tu “tem” namorada? – Como eu não sabia qual a concepção que uma garotinha naquela idade tem de um relacionamento optei por responder negativamente. Claro que após isso eu fui o objeto hilariante. Quando eu achei que tinha terminado ela solta mais uma: - Quantos anos tu “tem”? – Eu respondi honestamente e ela fez uma observação muito pertinente:


- Tudo isso e não tem namorada?- Esperou a frase fazer efeito e soltou outra.


- Quando tu “deu” teu primeiro beijo? – Depois dessa os adultos também não agüentaram, e eu, aturdido, não sabia o que responder. Na dúvida, falei o que me veio à cabeça, 12 anos.


Naquele momento ela ficou quieta, com olhar perdido, como se estivesse digerindo tudo aquilo que eu disse. Todos que estavam no local não tiravam os olhos dela, e eu já estava pasmo. Nunca que eu imaginaria isso de uma guria de no máximo 11 anos. Eu virei para o seu Jorge e disse:


- Nessa idade eu ainda assistia Power Rangers, Escolinha do Prof. Raimundo e Chaves! Hoje eles já tem msn, orkut, celular..-


A garota ainda disse em tom irônico demais para sua tenra idade:


- Tenho tudo isso que tu disse!-


Daí a mãe dela irrompe pelas escadas e ela grita:


- MÃEEE!!!-


Eu saí de lá me perguntando: “Será que ela é precoce ou eu é que estou atrasado?”

sábado, 12 de setembro de 2009

Negócio da Morte


Estava viajando e pensando besteira, quando, de repente, tive uma destas epifanias malucas. O termo epifania é de origem religiosa e denota iluminação divina; entretanto, no sentido laico, nada mais é do que uma idéia brilhante, aquele “clic”.


A minha epifania foi a seguinte: hoje em dia é possível ganhar dinheiro com tudo, tudo mesmo. Tive essa epifania devido ao enterro recente do Maicon Jackson, parece estranho, mas olhe só: saiba que a cada segundo há, em média, 1.8 mortes no planeta. Certo, deve estar imaginando que isso não tem nenhuma relação com o comércio, afinal, mortos não consomem. Pelo contrário, eles movimentam mais de 11 bilhões de dólares nos EUA!


Imagine só, um morto, apenas um, movimenta capital na indústria de caixões, nas floriculturas, na indústria de cosméticos (maquiagem), nas Associações de Cemitérios, nas Companhias de Seguro, nos crematórios, nas manufaturas de lápides, etc. O custo médio de um enterro nos EUA é de 6,500 dólares! Isso sem incluir a vaga no cemitério! No Japão um funeral custa 40,000 dólares! Isso talvez explique porque 98% dos japoneses são cremados; no Reino Unido 72% dos britânicos e nos EUA, 32%.


Enquanto a cremação emite dióxido de carbono, contribuindo para o efeito estufa, os caixões enterrados liberam formaldeido e álcool metílico, poluindo os mananciais de água. A cada ano 22.500 cemitérios nos Estados Unidos enterram aproximadamente:

  • 2,8 milhões de metros cúbicos de madeira.
  • 104,272 toneladas de aço.
  • 2,700 toneladas de cobre e bronze.
  • 1,636,000 toneladas de concreto armado.
  • 3 milhões de litros de fluído embalsamatório.

Para evitar a poluição, em muitos países é possível ser enterrado em florestas. Assim você crescerá dentro de árvores que oxigenarão o planeta! Na Austrália, no Japão e Reino Unido é possível ser enterrado em um caixão biodegradável que rapidamente será decomposto e nutrirá o solo. Por 12,500 dólares seus restos mortais podem ser liberados no espaço ou na superfície da lua! Por apenas $2,700 é possível transformar seu cadáver em um diamante, já pensou, um diamante da esposa na aliança? Mesmo depois da morte ela não te larga.


Viu? Morrer gera uma indústria. Eu só espero não movimenta-la tão cedo! Para mim o melhor é continuar vivendo, mas convenhamos, que esse negócio é esquisito ele é.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Salve o Brasil!


É gurizada, hoje é o dia. Comemoramos hoje a emancipação política da cidade mineira de Itabirito. Brincadeiras a parte, hoje relembramos a independência do Brasil, após aquele famosos brado: Independência ou Morte! É bem verdade que muitos historiadores contestam o fato, mas não podemos negar a beleza da atitude, afinal, romper ligações coloniais de mais de 300 anos não é coisa para qualquer um.


No desfile alusivo a essa data eu marchei na avenida, e afirmo, sem sombra de dúvida, que foi um imenso privilégio. São raríssimas as demonstrações públicas de patriotismo, excetuadas as ligadas ao futebol (que são mais ligadas ao futebol do que ao Brasil em si). Suponho que a falta de patriotismo se deva ao desânimo em relação a ética dos órgãos políticos, e justamente por isso que fico perplexo, pois, em uma situação política desagradável é que devemos mostrar nossa insatisfação e vontade de mudança, por um Brasil melhor. Esse é o verdadeiro patriotismo.


Não vou falar sobre o Brasil, a política ou mesmo a governadora, acho que isso desmerece um pouco essa data, falarei sobre o desfile. Há alguns anos, antes de entrar no Colégio Militar, eu assistia o desfile com a minha família. Era bonito, inspirador, como assistir uma boa peça no teatro, aplaudíamos e saímos satisfeitos. Entretanto, quando ingressei no CMPA ( Col. Militar de Porto Alegre) as coisas se inverteram, eu era o ator por trás do espetáculo, obviamente não o protagonista, era mais um dos vários coadjuvantes. Para quem assiste parece muito fácil "sair caminhando", mas não é.


Os bastidores do famigerado 7 de Setembro é que são interessantes, as bandas, as rivalidades históricas entre os Colégios, os alunos/cadetes/militares que passam mal, entre tantas outras coisas. Nesse ano nós desfilamos ás 10h 45 min, mas estávamos em forma desde às 7h 15min. Isso é normal, ficamos em forma, somos "revistados" pelo General e pela governadora, que, pessoalmente, parece bem mais velha. Confesso que tive vontade de lhe perguntar: Porque a senhora não ficou em casa, na mansão, assistindo o desfile pela TV?


Quando a marcha rompe e nós começamos a nos mover é que a coisa fica divertida. Aconteceu um imprevisto com o comandante do meu grupamento e ele teve de ser substituído por uma garota, nada demais, mas a Televisão não deixou de ressaltar o fato. Enquanto marchávamos tínhamos que coordenar as passadas ritmadas de acordo com a nossa banda, pois havia outras 3 ou 4. Durante o percurso nos estaqueamos próximos ao viaduto e, para minha infelicidade, eu me sujei. Aos desavizados, normalmente nos desfiles cívicos os cavalos marcham à frente e eles têm o triste hábito de defecar no caminho. Quando nós paramos na beira do viaduto eu pisei em uma lembrança equina. O pior disso tudo é que nesses desfiles não se para, ao suspender a marcha o indivíduo anda sem sair do lugar, apenas levanta e abaixa as pernas mantendo a cadência, e foi isso que eu fiz.


Em suma meu sapato está se deteriorando. Perto do palanque das autoridades eu apresentei o estandarte (eu carregava a bandeira da minha companhia) e segui marchando. Aprendi uma lição valiosa, por mais leve que seja, a bandeira sempre se tornará pesada no final. Desejo a todos um bom feriado e viva o nosso País!





terça-feira, 1 de setembro de 2009

Amigos

Por muito tempo pensei em como prestar uma homenagem aos meus poucos e grandes amigos. Resolvi começar, logicamente, pelo começo. Uma coisa que marcou muito a noção que tenho de amizade foi no aniversário de 50 anos do meu pai. Ao apagar as velinhas (eram várias) ele falou o seguinte: Quando eu era criança me disseram que se eu pudesse encher minha mão e contar cinco amigos eu seria uma pessoa de muita sorte, hoje olho para meus convidados e me faltam mãos para contar.


Quando criança, naquela ilusão infantil, me imaginava rodeado de amigos sinceros e verdadeiros, e honestamente, creio que não estava enganado, pois a inocência das crianças não as permite corromper o frágil elo que une duas pessoas pela amizade. Com o passar dos anos e início das grandes diferenças entre amigos, conhecidos e pessoas as quais simplesmente cumprimentamos, percebi que amizade era algo que eu tinha dificuldade em manter. Aqueles que me conhecem pessoalmente sabem que não tenho dificuldades em me relacionar, pelo contrário, modesta parte, me dou bem com todo mundo. O meu grande problema era, e ainda é, manter contato, persistir. Não gosto de ligar para as pessoas só para saber como estão, salvo raras exceções. Não tenho o hábito de passar longas horas conversando em frente ao computador e, além de tudo isso, tenho uma péssima memória para aniversários.


É por isso que, para mim, é difícil encontrar os cinco amigos. Não quero dizer que as muitas pessoas com as quais travo amizade não sejam realmente meus amigos, não, longe de mim afirmar isso. O que quero dizer é que são poucos que conseguem captar minhas idéias sem que elas sejam proferidas, poucos que sabem quando estou triste (afinal, todos em algum momento ficamos tristes), poucos que me apóiam ou demonstram a inconseqüência das minhas palavras quando estou frustrado.


Gostaria de citar os nomes das pessoas especiais que compõe a singela lista de verdadeiros amigos, mas seria “antiético”. Não me preocupo em encontrar muitos amigos, para mim, amigos e livros são muito semelhantes, não importa a quantidade, mas sim a qualidade. Para aqueles que agüentam as terríveis manhãs ao meu lado, ouvindo minhas piadas velhas e esfarrapadas, que estão longe mas ainda assim pensam em mim com carinho, meu sincero e carinhoso abraço. A estes e aos demais que estão inclusos no meu rol de amizades , dedico esse vídeo:







*Esse é o título de uma música famosa, a música de abertura dos jogos Olímpicos de Barcelona em 1992, interpretada por Sarah Brightman e José Carreras.


 
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