terça-feira, 4 de maio de 2010

Castigo alternativo.

Há um garoto cujos pais são pessoas muito próximas a mim. Talvez a descrição de gordinho e ocioso não seja a melhor que eu possa dar sobre ele, mas para essa postagem é mais do que suficiente.


O problema do guri é o mesmo da maioria dos rapazes da sua idade, ele está no nono ano do Ensino Fundamental (equivalente a nossa antiga sétima série) e não sabe escrever nem ler direito. Obviamente que as constantes notas baixas em diferentes matérias dificultavam a constatação do problema. Os pais, com seu sentimento de dever, cumpriram o código de castigos estipulados socialmente. Atribuíram ao computador e ao vídeo-game a culpa, abolindo-os da residência.


O resultado do castigo durou apenas até o próximo boletim escolar (esqueci de dizer que o guri também escondia as provas dos pais). Sugeri a eles que solicitassem uma redação ao rapaz. O resultado não poderia ser mais catastrófico! Eles gritavam histéricos: “Nosso filho não sabe ler!!”


Fui voluntário para resolver o problema, mas seria do meu jeito. A partir de agora ele deveria ler no mínimo vinte páginas de um livro e escrever um resumo de vinde e cinto linhas sobre o que leu, todo dia. Além disso, deveria completar um glossário com as palavras que não conhecesse a fim de ampliar seu vocabulário. Os resultados da primeira semana foram esses:


Êxito = Prazer. (ele confundiu com êxtase)

Altivez = Ato de um pessoa altista.

Incitar = Ocultar, não citar. (faz sentido se considerarmos o prefixo "in" como negação)

Pseudônimo = Alguém que escreve obras de outra pessoa.

Absorto = Algo absurdo.

Séquito = Lugar de péssima aparência.


Felizmente, esses foram apenas os primeiros resultados. Obriguei-o a consultar o dicionário ao invés de imaginar os possíveis significados. Agora, um mês e meio após o início do castigo alternativo, comunico com todas as letras: ELE ESCREVE, E ESCREVE BEM!

3 comentários:

  1. Ouvimos e reouvimos de pessoas mais velhas que a qualidade do ensino caiu. infelizmente essa mudança pode se vista numa mesma geração como prova o texto Õo bora estuda!

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  2. Nunca fui muito de ler... Sempre gostei de ver filmes, ouvir e prestar atenção ao meu redor. O gosto pela leitura e novos desafios são inatos. NÃO SE APRENDE A GOSTAR DE NADA!!!

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  3. É preciso ser muito criativo para imaginar significados... gostei muito. Só não concordo com o comentário acima, pois acho que o gosto pela leitura deve ser estimulado, não é algo que nasce com a gente.

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