segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cagar No Mato


É muito provável que o leitor atento se espante com a expressão vulgar “cagar” que utilizei no título. O uso decorre de um intenso raciocínio lógico (não evitei o pleonasmo, todo raciocínio é lógico), eu poderia simplesmente ter escrito “defecar” no mato, mas segundo minha concepção ninguém defeca no mato, as pessoas defecam na louça das privadas, no mato se caga.


Pode parecer idiota discorrer sobre um assunto tão peculiar, mas vou fazê-lo mesmo assim, afinal, quem não cagou no mato que atire a primeira pedra. Creio que levarei algumas pedradas, pois atualmente poucas pessoas vivenciam esta experiência. Não é uma experiência magnífica como, por exemplo, conhecer a Torre Eiffel, mas convenhamos tem suas semelhanças, porque quem projetou aquele troço sem utilidade tinha merda na cabeça. Brincadeiras à parte, Gustave Eiffel (1832-1923) era um visionário e merece crédito pela magnífica construção.


Assumindo agora uma postura mais séria, resolvi relatar sobre esse delicado e orgânico assunto porque o acho extremamente engraçado. Eu nunca tive dificuldades em realizar esse ato ecologicamente correto, minha verdadeira dificuldade era, na realidade, encontrar um local adequado para fazer isso. Em minha primeira experiência, durante minha tenra infância em um acampamento familiar de verão, posicionei-me atrás de um eucalipto, escondendo perfeitamente as nádegas, mas não o rosto. Além disso, o eucalipto delimitava a margem de uma trilha de motocross. Dentro de meia hora os competidores passaram de motocicleta levantando mais do que apenas poeira e terra.


Outra vez em que tive o desprazer de utilizar o mato como área de concentração tomei toda a cautela para evitar quaisquer trilhas, picadas ou caminhos em meio ao mato. Optei por uma zona reservada, não muito longe do acampamento, de onde podia ver sem ser visto. Infelizmente, com todas as precauções que tomei, não reparei em um formigueiro próximo a minha área de concentração. As formigas foram muito hábeis em localizar o agente por trás das mudanças em seu habitat e imediatamente começaram a me perturbar. Resultado: Não terminei a tarefa e voltei para o acampamento com os pés inchados de picadas de formigas saúvas.


Não sou extremamente versado nas artes sanitárias mas fiz algumas observações que julgo interessantes. O sujeito que defeca em casa é normalmente culto, lê o jornal, na falta deste, conta os azulejos reparando nos rejuntes dos mesmos e reclama dos pedreiros. Já o indivíduo que caga no mato é ecologista, do estilo Green Piece, usa o jornal para limpar a bunda e enquanto realiza a tarefa observa as formigas no solo e as moscas no céu.


Hehe, isso tudo foi apenas uma brincadeira para demonstrar a incrível criatividade humana muito mal empregada. Abraços e boas cagadas.

2 comentários:

  1. Acho que as tuas publicações tem um caráter muito especial, mas déves publicar em um volume maior. Boas obras como as tuas, devem ser bem aproveitadas.Abraços

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  2. Gostei muito dessa reflexão, muito próxima às experiências de uma caipira, Jeca Tatu mesmo, que é minha maior inflência cultural, se Monteiro Lobato me desculpar por isso. Hehehe, em tempos de tão parcos risos verdadeiros, eis que me vejo rindo após ler tão profundo texto.

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